quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

cultura de corrupção

O Der Spiegel (versão inglesa) publica um texto com muito interesse em que demonstra como a cultura de corrupção arrasta a Grécia para o abismo e chega mesmo a pôr em risco o próprio €uro.
Na Grécia, as oligarquias acham que a UE (leia-se: a Alemanha) irá socorrer e salvar a Grécia do colapso.
Na Alemanha ninguém está disposto a isso: a Grécia que peça socorro ao FMI.

Este quadro tem algo de familiar com o que se passa em Portugal.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

a China e o dinheiro

Na China foi sumariamente condenado e executado um inglês, dizem que mentalmente débil, acusado de transportar 4 quilos de droga numa mala. Defendeu-se dizendo que alguém a pôs lá sem ele se aperceber. O julgamento demorou meia hora. Foi condenado à morte e rapidamente executado.
A pena de morte é uma selvajaria que costuma suscitar protestos em todo o lado, mas neste caso não.
A China é uma ditadura brutal onde não vigoram os mais básicos direitos humanos, políticos, sindicais e sociais, o que costuma suscitar grave desaprovação, mas neste caso não.
É tal o autoritarismo e falta de liberdade, que os casais são proibidos de ter mais que um filho. E ninguém se indigna.
E toda esta complacência porquê?
Porque a China está cheia de dinheiro.

domingo, 27 de dezembro de 2009

câmara corporativa

Existe um blog, chamado Câmara Corporativa, caracterizado pelo mais boçal socretinismo. Chega mesmo a ser repugnante e lembra o antigo SNI do tempo do Salazar.
A escolha do nome do blog é um acto falhado. Antes do 25 de Abril, eles gostariam de ter sido da Câmara Corporativa. Agora, gostariam que o PS pudesse governar como nessa altura a União Nacional, num regime de poder total do Primeiro Ministro (então Presidente do Conselho), sem oposição do Parlamento (então Assembleia Nacional) que se limitaria a cooperar, e com um Presidente da República que não interferisse e se limitasse a inaugurações.
Eles gostariam e ter um Salazócrates, os Socretinos.

golpes de estado

Nos Estados Unidos nunca há golpes de estado... porque lá não há consulados dos Estados Unidos.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

os novos pobres e os novos ricos

O Natal é um dia apropriado para pensar nos outros.
É nesta perspectiva que me ocorre pensar nos novos pobres e nos novos ricos.
Os últimos anos produziram um aumento do fosso que separa os pobres e os ricos.
Não que os pobres estejam muito mais pobres, mas há mais pobres, aumentou o seu número. Muitos foram precipitados da classe média (e até de mais alto) para a pobreza.
E há mais ricos, sobretudo ricos muito mais ricos. Aos velhos ricos acederam muitos outros, enriquecidos de modos variados, nem sempre confessáveis. E muitos velhos ricos tornaram-se novos ricos, perderam as qualidades que já tinham adquirido com o tempo e voltaram à ganância e à falta de pudor que é própria dos novos ricos.

A sabedoria dos séculos ensina que não é bom nem prudente ofender a pobreza. Os velhos ricos sabiam-no. Sabiam-no uns pela inteligência e outros pela memória das muitas revoltas, frondas, revoluções e confrontações sociais causadas pela frustração dos pobres e pela exibição de riqueza dos ricos, enfim, pela falta de respeito dos ricos pelos pobres. Foi sempre cíclico na História.

Hoje, no Dia de Natal, eu penso nos pobres e nos ricos, nos novos pobres e nos novos ricos, em como os novos ricos ofendem os novos pobres com as suas exibições de riqueza. Penso em como os novos ricos não pensam nisto. Não sabem história (isso dá dinheiro?), não pensam nos pobres (isso dá incómodo). Não lhes ocorre a mais básica das prudências, a de evitar o confronto de muita riqueza com muita pobreza e o efeito social explosivo que daí decorre.

E ocorre-me recordar Mateus (25), sobre o Juízo Final:
Quando o Filho do Homem vier na Sua glória, acompanhado por todos os Seus anjos, sentar-Se-á então no seu trono de glória. Perante ele reunir-se-ão todas as nações e Ele apartará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. À Sua direita, porá as ovelhas, e à Sua esquerda, o cabritos. O Rei dirá então aos da Sua direita:

Vinde, benditos de meu Pai. Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome, e destes-Me de comer; porque tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e acolhestes-Me; estava nu, e deste-Me de vestir; adoeci e visitaste-Me; estive na prisão e fostes ter Comigo.

Então os justos perguntar-Lhe-ão: Senhor, quando foi que Te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e Te demos de beber? Quando te vimos peregrino e Te recolhemos, ou nu e Te vestimos? E quando Te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-Te?
E o Rei dir-lhes-á em resposta: Em verdade vos digo: Sempre sempre que fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes.

Em seguida dirá aos da sua esquerda: Afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno que está preparado para o Diabo e seus anjos. Porque tive fome e não Me destes de comer; tive sede e não Me destes de beber; era peregrino e não Me recolhestes; estava nu e não Me vestistes; doente e na prisão, e não fostes visitar-Me.

Por sua vez eles perguntarão: Senhor, quando foi que Te vimos com fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou na prisão, e não Te socorremos?

Responderá então: Em verdade vos digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes mais pequeninos, foi a Mim que o deixastes de fazer.
Esta é a superioridade moral do cristianismo. Nenhum cristão tem a obrigação de resolver todas as injustiças do mundo, mas cada um tem a obrigação de fazer o que estiver ao seu alcance. Ajudar os outros, principalmente os que estiverem em maior dificuldade, e não acumular riquezas de que não necessita.
O novo-riquismo que ofende e provoca a pobreza é insensato, mas é também uma imoralidade. Mais grave do que isso, é um pecado.
Ninguém pode amar a Deus e ao bezerro de ouro.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

para quem ainda se lembrar...

Para quem ainda se lembrar do tempo que que ainda tudo se podia sonhar, tudo se podia esperar, tudo se podia ousar...

insensato

Qualquer pessoa sabe que a ocultação de informação desencadeia boato, especulação e suspeita. Por isso, é insensato ocultar a informação sobre a intervenção do Sócrates na Face Oculta, no Freeport, etc. As pessoas imaginam as piores coisas, possivelmente piores do que aquilo que se oculta.
Também é insensato ocultar a gravíssima - dramaticamente grave - crise orçamental, financeira, económica e social com manobras de diversão como o casamento homossexual, guerrilhas políticas com a Presidência e até com o Patriarcado.
É insensato e só pode dar maus resultados.
É inquietante a falta de resposta à crise. Já nem a Grécia, só mesmo Portugal continua a agir como se não existisse. É insensato assobiar para o lado.

domingo, 20 de dezembro de 2009

os socialistas ...

Segundo o Público, o PS acusa o PR de interferir no seu calendário político, excedendo os limites das suas competências constitucionais. Há alguns dias (uma semana?) ouvi o PS criticar o PR por não intervir no impasse que lhe causava a maioria que a oposição exerce no Parlamento.
Tudo serve para disfarçar a atenção dos problemas económicos.
Mas não adianta, eles estão cá.

sábado, 19 de dezembro de 2009

às Lollas cá da terra

girls will be boys
and boys will be girls

A propósito das vitórias políticas das Lollas cá da terra


a lei e a natureza das coisas

A lei pode dizer que 2+2=3. Pode dizer que Sócrates é Engenheiro, que o Partido Socialista é sério, que as obras públicas são honestas, que o défice orçamental é aquele.
Não adianta: é mentira.

A lei pode revogar a morte em homenagem ao direito constitucional à vida.
Pode revogar a doença em homenagem ao direito constitucional à saúde.
Pode abolir o desemprego, em homenagem ao direito constitucional ao trabalho.
Não resulta: a realidade é o que é e não o que a lei diz.

A lei pode dizer que a baleia é um peixe, que o morçego é um pássaro ou que uma zebra é uma cavalo às riscas.
Não adianta: as coisas são o que são e não o que a lei possa dizer que são.

A lei pode decretar os casamentos homossexuais, o tribunal constitucional pode confirmá-los, os jornalistas podem adorá-los, os maricas e as fufas podem festejá-los.
E daí? o casamento será sempre o que sempre foi.

Commonsense continuará a não aceitar casamentos homossexuais,

Este foi mais um prego no caixão da segunda república: a mais corrupta, a mais porca e a mais imoral de todas.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

oh patego ...

Notícia de primeira página nos jornais: o circo de aviões de acrobacia redbull sai do Porto e vem para Lisboa.
Para isso, pagou-se bom dinheiro.
Vai gastar combustível, carregar carbono para a atmosfera, fazer efeito estufa, uma barulheira infernal, interditar um bocado do Tejo aos lisboetas... Isto, se não cair nenhum daqueles brinquedos na Torre de Belém.
É isto mesmo a imagem do regime: é preciso entreter os imbecis com jogos infantis, enquanto a crise se aprofunda.
Circensses sine pane
ou, em português
Oh patego olhó avião.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

a propósito de funerais...

Já agora, e a propósito de funerais: vai ser um lindo enterro o que nos espera.

Sócrates não estava obrigado a aceitar o encargo de formar governo e governar em minoria relativa. Se o fez, deve negociar realmente com a oposição, em vez de passar a vida a queixar-se e a vitimizar-se. Mas o que é que ele queria? continuar a governar do mesmo modo como se não tivesse perdido a maioria absoluta?

O voto político das últimas eleições foi muito claro: um governo em diálogo e negociação com as oposições. Sócrates, repito, não estava obrigado a aceitar o cargo de governar nestas condições, mas aceitou e tem de cumprir. E não adianta apelar para o Presidente ou fingir que se vai demitir, ao estilo "agarrem-me senão eu demito-me"

Quem perde com tudo isto é Portugal e os Portugueses. Mas, verdade seja, a culpa também é deles. Quem os mandou votar em Sócrates outra vez?

Vai ser um lindo enterro.

domingo, 13 de dezembro de 2009

o funeral de Alex (The Big Chill)

Hoje esteve uma dia fantástico e estou particularmente bem disposto. Ninguém diria que me apetece ver uma funeral.
Mas, no meio da mediocridade nacional, apetece-me o génio desta cena fantástica com que acaba um filme inesquecível para a minha geração: Os Amigos de Alex (The Big Chill)

sábado, 12 de dezembro de 2009

Airbus A400

Vou pela primeira vez o Airbus A400. É um avião militar cargueiro de enorme capacidade e eficiência com tecnologia futurista, capaz de superar a crónica falta de mobilidade das forças armadas europeias. Pode transportar soldados em grande número mas, o que é novo, um blindado ligeiro ou mesmo dois helicópteros de ataque. Descola e aterra em pistas de terra curtas e é essencial para abastecimento em voo de aviões de combate, de helicópteros e até de outros A400. A sua capacidade em missões humanitárias é enorme.
É um passo de gigante para uma capacidade militar credível da União Europeia.
Aí vai o filme oficial:

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

homossexuais casadoiros

À beira da bancarrota em que é que pensa o Governo Socialista: no casamento dos homosexuais.
É mais uma maneira de fugir à realidade - v. denial syndrome - ou de tentar provocar o derrube do Governo? é uma simples garotice? para quê a pressa? há alguém assim tão apaixonado no Governo ou no PS?
O Governo e o PS (são a mesma coisa) andam a tentar provocar o Presidente da República a intervir na política interna. Será para o responsabilizar por não neutralizar as iniciativas da oposição? será para o colar à oposição? será para o levar a dissolver o Parlamento e convocar eleições antecidapas? ou pensam mesmo que têm direito a governar sem oposição? sem ter de negociar com as outras forças parlamentares?
O Presidente vai pronunciar-se publicamente em breve: no Natal não vai dizer nada que não seja natalício, mas no fim do ano vai falar ao País e aos Portugueses e então vai ter de dizer algo de substancial e relevante. Não tem sentido provocá-lo antecipadamente.
Entretanto, Portugal continua a afundar-se. Vai entrar em Janeiro sem orçamento e a funcionar por duodécimos. Mas como é possível que suscite credibilidade que necessária para obter crédito externo, financiamento, investimento. Até as célebres obras faraónicas são impossíveis no sistema de duodécimos.
Entretanto, na Irlanda, são reduzidos os salários, na Hungria os funcionários já só ganham 12 meses por ano. E em Portugal, ninguém repara, ninguém se interroga, ninguém se aflige. A oeste nada de novo?
A prioridade do Governo PS é satisfazer anseios de homossexuais casadoiros.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

denial syndrome

Denial is a defense mechanism postulated by Sigmund Freud, in which a person is faced with a fact that is too uncomfortable to accept and rejects it instead, insisting that it is not true despite what may be overwhelming evidence.

Numa primeira fase, negaram que houvesse crise económica; numa segunda fase (actual), acusam-na de ser de indução externa e negam de seja uma crise económica interna.

Enquanto continuarem a negar não começarão a enfrentar.

Haverá por aí algum psicanalista patriota que esteja disposto a falar com eles?

Depois da Islândia e do Dubai, a seguir à Grécia ...

Na ordem económica e política internacional que se seguiu ao fim de Bretton Woods, à deregulation e ao Euro, ninguém pensava que poderiam acontecer sovereign defaults.
Mas houve...
Primeiro foi a Islândia faliu. Os islandeses endividaram os seus bancos a tais níveis que acabaram num estoiro financeiro global. Numa terra com pouco sol, nem sequer se revoltaram, conformaram-se, empobreceram, entristeceram e elegeram uma governo que os quer inserir na União Europeia. O pior é que a União europeia não os quer... pelo menos no estado em que estão.
Pensou-se que se ficava por ali, mas não...
Depois foi o Dubai. Paraíso financeiro e imobiliário, colapsou pela falta de procura para aqueles disparates de construção e especulação. Pode ser espectacular, mas ninguém quer comprar aquilo. A Dubai World, empresa imobiliária «sovereign», apesar de o governo local ter expressamente excluído a sua responsabilidade, acabou por ter de ser pegada ao colo pelo Estado, que está a falir com ela.
Coisas longínquas e exóticas dir-se-á, mas talvez não...
A próxima, diz toda a gente, vai ser a Grécia. Os gregos, gente de sangue quente e tradicionalemente «trouble makers» já desataram a partir tudo na rua, a enfrentar a polícia com cocktails molotov, etc., e a mostrar que vem aí o pior.
E os próximos? Interrogam-se os portugueses....
Os próximos somos nós.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Copenhaga - Deus queira que sim.

Muito mais do que o futuro da preservação da natureza, o que está em jogo na Conferência de Copenhaga, que agora começou, é a saúde da comunidade internacional, do multilateralismo, da Humanidade.
Eu sei, eu sei, que os objectivos de Copenhaga são caros. Mas não creio que tragam, só por si, uma degradação da qualidade de vida. Pelo contrário, poderão evitar o progressivo envenenamento do ambiente em que vivemos. Pode, é verdade, estragar o consumismo desenfreado das últimas décadas, mas isso não é tão mau assim.
Eu também sei que a questão do aquecimento global está seriamente posta em causa pelo «climagate». Mas sempre achei exagerado o catastrofismo que o envolvia. Nunca estive seguro e continuo a não estar de que haja, sequer, um aquecimento global, muito menos que seja induzido pelas causas que lhe atribuem ou que tenha as consequências dramáticas que lhe anunciam. Mas acho que é preciso não permitir que a ganância acéfala e a sofreguidão do dinheiro, conspurquem e envenenem o ambiente de todos.
Mas, voltando ao tema.
De Copenhaga, o convívio dos povos e das nações do mundo vai sair reforçado, ou não.
Deus queira que sim.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

o Tratado de Lisboa


Entrou em vigor, hoje, o Tratado de Lisboa. Já não era sem tempo.
Foi pena que se tivesse perdido tantos anos e se acabasse com uma versão reduzida do que eu gostaria que tivesse sido feito. É verdade, é verdade, que muita gente não se habituou ainda à ideia e continua a sentir-se mais cosy no seu paísinho pequeno, à beira-mar plantado, com manjerico à porta e janelas com tabuínhas. Mas sem um mínimo de dimensão e de massa crítica, nenhum país europeu conseguiria manter-se e manter o estatuto a que se habituou, quer no aspecto económico, quer no diplomático, quer ainda no militar. Primeiro viria a irrelevância, depois o esgotamento económico, e finalmente a dominação.
Estou contente. Foi reforçada a unidade, a democraticidade e a eficiência.
A Europa é uma cultura riquíssima, com muitas cambiantes e especificidades. E não é necessário perder o que é próprio de cada povo europeu. Há muito mais de comum do que de incomum. A Europa é a terra mais civilizada do mundo e é a civilização mais rica do mundo. É também a maior economia do mundo.
Eu sou um europeu.