sábado, 27 de fevereiro de 2010

os últimos 4 minutos do vôo Air France 447

Descritos em detalhe na edição inglesa do Der Spiegel.
Formou-se gelo nos tubos sensores de velocidades do avião, em plena turbulência a 35.000 pés de altitude (+/- 11.000 metros). Os sensores passaram a fornecer dados incorrectos ao computador de bordo o que levou à queda do avião, como se fosse uma pedra. A leitura é impressionante.
O problema já aconteceu noutros voos, tanto de Airbus como de Boeing e está a causar apreensão nas autoridades de segurança aeronáutica europeias e americana.

o procurador e a mulher de césar

Depois de tudo que se soube e, mais ainda, de todas a suspeitas que apareceram abertamente formuladas, Pinto Monteiro já não tem outra saída, a não ser a saída - propriamente dita - da Procuradoria-Geral da República.
É que, depois de se suspeitar de que cobria o Governo e o especialmente Sócrates em vários processos, há agora suspeitas com alguma verosimilhança de que os arguidos do caso Face Oculta tenham sido avisados de que estavam a ser escutados imediatamente em seguida a Pinto MOnteiro ter sido informado do facto.
Toda a gente sabe que à mulher de César não basta ser séria: tem também de parecer séria. É isso que se passa com Pinto Monteiro: admito que seja séria, mas não posso deixar de constatar que não parece sê-lo.
Para bem da República, importa que seja substituído o mais cedo possível.
Já agora, Cândida Almeida, deve ir com ele e também, aproveitando a leva, Noronha do Nascimento.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

os madeirenses

Muito mal se tinha dito deles e do dinheiro que gastavam, quase como se fossem parasitas. Tinham um dos mais altos níveis de vida e, com certeza, o mais avançado desenvolvimento do País. Eram objecto de chacota.

Sofreram uma desgraça horrível. E vêmo-los a cerrar os dentes e resistir, solidários numa entre-ajuda exemplar, sem um queixume, sem um protesto, a trabalhar, a trabalhar, a trabalhar...

Que todos ponham os olhos neles. São um exemplo. Se todos fossem madeirenses em Portugal, não estávamos assim.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

the dark side of the moon (2) lavadeiras de Portugal

Era eu pequenino, houve uma música portuguesa que passou a fronteira e chegou a ser conhecida em França: "Lavadeiras de Portugal", enchendo de orgulho os bisonhos portugueses.
Hoje, já não se lava roupa nas águas do Sado; lava-se dinheiro nos bancos. Dinheiro de proveniências várias, umas de cá, outras de lá. É uma indústria próspera e patriótica que poderá contribuir seriamente para ajudar a solucionar a crise.
E como é que se lava? É fácil.
Primeiro, é preciso ter roupar para lavar, quer dizer, ter dinheiro sujo fora do País, mais, fora da UE. Não é difícil, arranja-se com subornos, empenhos, droga, etc., há tantas maneiras como as de cozinhar bacalhau. Arruma-se a roupa, leia-se, parqueia-se o dinheiro numa off-shore. Há-as em todo o lado e para todos os gostos. Quem não souber, pode ir às páginas de anúncios do Economist ou ao balcão dum banco português. E parqueia-se lá, aí um milhão de Euros (menos não vale a pena). Qualquer coisa que venha duma licença ambiental, dum PIM, duma modificação "à maneira" dum PDM, sei lá....  Depois, contrai-se um empréstimo de uns 800 mil Euros. Branquear custa 20%, quando é barato (chega a 40% quando é caro). Depois, recebe-se os 800 mil Euros do empréstimo. Estes €€€ já são roupa lavada. Depois, chegado o vencimento do empréstimo bancário, não se paga nada ao banco. Entra-se em default. Antes de ir para contencioso, este default vai para a recuperação. Na recuperação, a coisa resolve-se por acordo: dá-se a off-shore em pagamento do empréstimo. O banco fica com a off-shore e o milhão de € que lá está dentro e já deu os 800 mil € ao cliente. O cliente ficou com os 800 mil € banqueados, em Portugal, lavadinhos, engomados e a cheirar bem, e o banco ficou com o milhão de € na off-shore. Sim, porque lavar dá trabalho e tem um preço. Neste caso foi de 200 mil € (20%).
É por isso que há para aí bancos que têm tanta off-shore.
Nota: também se faz com  outros bens que não off-shores. Com a roupa suja, compra-se uma obra de arte que vale o tal milhão de €. Pede-se o empréstimo de 800 mil € que não se paga, e dá-se a obra de arte em pagamento, ficando com os 800 mil € (20% de preço). Por isso é que há bancos com obras de arte nas caves.
E também se faz sem bancos, com particulares. E até se faz com pessoas individuais com posições importantes em bancos ou em grupos, ou com sociedades in-shore que se pensa pertencerem a esses bancos ou grupos, mas que pertencem só a accionistas de tais bancos ou a indivíduos que lhes estão ligados.
É como cozinhar bacalhau: há pelo menos 365 receitas.

the dark side of the moon (1)

Tal como a lua, Portugal só é visível em metade.
A outra metade tem tudo aquilo que explica o incompreensível.
Commonsense, por artes de berliques e berloques, consegue ter acesso ao que se passa no dark side of the moon.
A pedido de muitas famílias, vai começar a descrever, mas só uma coisa de cada vez, para não assustar.
Vai fazê-lo sempre com esta referência: «the dark side of the moon» em episódios numerados, mas só quando vier a propósito ou lhe apetecer.
Poderá vir a ser processado, mas não se importa. No Portugal de hoje, há condenações que honram o condenado e que devem mesmo ser mencionadas no curriculum vitae (quiçá mesmo no cartão de visita). Mas é duvidoso que seja processado, porque a prova da acusação e da defesa iriam mostrar coisas a mais.
Não se trata de heroicidade: Commonsense acha, como Camus, que o herói é um tipo sem imaginação.
Nem por mau feitio: Commonsense é alegre e optimista.
É por divertimento: Portugal está a ficar chato e cinzento e o riso é uma terapêutica social.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

a fazer render a desgraça...

Ainda o país estremecia com a desgraça que aconteceu na Madeira, já apareciam nos ecrãs da TV, pressurosos, os comentadores socialistas a culpabilizar o governo regional.
Apre que é preciso ser insensível à morte e à dor de todas as vítimas! é preciso ser de um oportunismo miserável!
Foram rápidos como ratos que se lançam sobre os mortos, sobre os feridos, sobre os despojos.
Não há gente com pior carácter.
Os socialistas não podem ver a Madeira. Têm-lhe ódio, alteram-se e perturbam-se com ela e com a prosperidade, desenvolvimento e o bom governo que ali existe.. É o único pedaço do território nacional que ainda não dominam, que ainda não rapinaram e onde não levaram a crise.
Mas há mínimos que a moral exige: o respeito, pelos mortos, pelos feridos, por aqueles que ficaram sem os seus entes queridos, que ficaram sem as suas casas.
É repugnante o aproveitamento político que os os socialistas estão a tentar retirar desta desgraça!!!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

... e agora o PEC ...

O Orçamento que foi aprovado é incaracterístico e não dá sinais de qualquer coisa que possa inflectir o rumo suicida da economia e das finanças portuguesas. Foi por isso que as agências de rating castigaram a República Portuguesa: não acreditara que com aquele orçamento algum problema se resolvesse. E tiveram razão, porque mais ninguém acreditou que aquele orçamento não fosse manter as coisas exactamente como estavam.
Agora, o Governo Português vai ter de apresentar o PEC - Plano de Estabilidade e Crescimento e de obter a sua aprovação por Bruxelas. E agora é que as coisas passam a ser a sério. Agora é que vai ser preciso demonstrar que se vai realmente reduzir o défice e a dívida. Muito mais importante do que o orçamento, que foi uma exercício de política interna, o PEC vai ser preciado, discutido, modificado, pela União Europeia. Se nem me dei ao trabalho de olhar para o orçamento, vou ler com atenção o PEC e acompanhar a seu negociação. O que vai ser determinante para a economia e as finanças portuguesas não é o orçamento, é o PEC.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

good news... bad news...

Good news: Constâncio saiu do Banco de Portugal, onde teve uma prestação medíocre....

Bad news: Foi para o BCE, onde não é bom que haja gente assim.

Good news: Constâncio vai contente e, por isso, não vai falar nem contar...

Bad news: O boy que lá irão pôr 

100 anos da República por Nikias Skapinakis

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

first... then...

First they ignore you
Then they laugh at you
Then they fight you
Then you win

domingo, 14 de fevereiro de 2010

o Polvo saíu à rua...

Foi uma semana agitada que terminou em paroxismo.
O semanário SOL, secundado pelos diários Público e Correio da Manhã, revelaram dados inequívocos quanto à manobra socretina de controlar a TVI através da PT, primeiro, e da Ongoing, depois. Ficou claro, além desta manobra, que Sócrates mentiu abundantemente (é da sua natureza...), no que foi acompanhado por administradores da PT. Ficou ainda clara uma estranha e malsã cobertura de tudo isto pelo Presidente do STJ e pelo PGR.
Com isto, já a grande maioria dos portugueses compreendeu que Socrates é um mentiroso compulsivo que foi apanhado em cheio na mentira. Daqui, confirmaram-se as suspeitas que já havia quanto a outros casos, começando na licenciatura e na Cova da Beira, até ao Freeport e às casinhas no Heron Castilho.
Perante tudo isto, tornou-se insustentável o status quo. É verdade que é mau proceder a mudanças de fundo hoje, mas mais verdade ainda é que é ainda pior não as fazer. O País vai passar muito mal. O PEC a ser negociado com Bruxelas vai pôr os portuguesas a pão e água. Os portugueses vão empobrecer em geral. Vai desencadear-se a crise social que já era esperada. Não é com um Governo, com um Presidente do STJ e com um PGR desprestigiados e sem credibilidade, que Portugal poderá enfrentar os maus tempos que se aproximam.
O Polvo ficou à vista. Se tudo ficar como está, o Polvo terá tomado conta de tudo.

o Tratado de Lisboa começa a dar frutos

O Parlamento Europeu bloqueou a pretensão dos Estados Unidos de ter acesso às contas bancárias na Europa.Ler mais em http://eurosense.blogspot.com/

domingo, 7 de fevereiro de 2010

spinning

Com tanto spinning, tanto afã no controlo da comunicação social, Sócrates e os socretinos exageraram de tal maneira que acabaram por ser apanhados da maneira mais vergonhosa.
O que é mais extraordinário é que ninguém desmentiu os factos. Limitaram-se a criticar, com diversos tons, o facto de terem sido divulgados, nas ninguém disse que não são verdadeiros.
Por isso, parece-me que posso concluir que não são falsos.
Depois de tudo isto, tenho a maior dúvida que Portugal possa continuar a ser governado por Sócrates. Não tem perfil para para Primeiro Ministro dum País decente.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

agarrem-me, senão eu...

Ameaçaram que o Sócrates se demitia, provocando eleições antecipadas... ameaçaram que o Teixeira Santos se demitia...
Afinal, depois de tanta ameaça, depois de terem posto o País em suspenso, Teixeira Santos deu uma entrevista CNN, em mau inglês, em que disse banalidades.
Nos pratos da balança estava duas coisas contraditórias:
De um lado, o financiamento orçamental à Madeira que tinha sido abusivamente reduzido em relação aos Açores e que regressou ao que era anteriormente. O argumento de que o PIB per capita na Madeira é alto e de que o dinheiro faz falta pesou, alavancado com a propaganda mediática do costume contra o 'despesismo' da Madeira e contra o Alberto João. É verdade que nesta conjuntura não convém gastar mais dinheiro e que é um mau sinal; mas o dinheiro é pouco, em valor verdadeiramente irrelevante.
Do outro lado, a questão é política: forçar a oposição a engolir a lei iria destruir a oposição, e permitir que o Governo agisse como se continuasse a ter maioria absoluta. À crise das finanças públicas iria acrescer uma crise do sistema político representativo.
A solução foi boa (na minha opinião). O esvaziamente da oposição a pretexto de dificuldades das finanças públicas tem um mau passado em Portugal: começou em 1926 e durou até 1974.
Ainda bem que não os agarraram.
O Governo vai ter de aprender a respeitar a oposição, quer dizer, a maioria dos portugueses, e a negociar consensos. É assim nas democracias avançadas. Mas Sócrates é um tiranete com problemas idiosincráticos.
Espero que tenha aprendido a lição, embora a esperança não seja muita.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

globalização e dumping social

Enquanto se mantiver a globalização sem controlo, o dumping social praticado pela China vai continuar a criar uma situação em que as indústrias europeias só serão competitivas quando praticarem os salários e as condições laborais que existem na China. Mas isso não vai acontecer sem uma revolução na rua.
O dumping social chinez, todavia, só vai poder manter-se enquanto não houver na China uma revolução na rua.
Revolução por revolução, penso eu, antes lá do que cá.
A única maneira de conseguir pôr termo ao dumping social na china e à revolução na rua é controlar a globalização e impor às importações provenientes da China (e outras partes onde se pratique o dumping social) taxas alfandegárias de valor correspondente à distorção da concorrência causada pelo dumping social.

“um problema que tem de ser solucionado”

“um problema que tem de ser solucionado”
este é o problema que tem de ser solucionado

Mário Crespo - mais um texto de antologia

Diferenças 

Assistir ao duríssimo questionamento da comissão de inquérito senatorial nos Estados Unidos para a nomeação da juíza Sónia Sottomayor para o Supremo Tribunal é ver um magnífico exercício de cidadania avançada. Não temos em Portugal nada que se lhe compare. Se os nossos parlamentares tivessem a independência dos congressistas americanos, Cavaco Silva nunca teria sido presidente, Sócrates primeiro-ministro, Dias Loureiro Conselheiro de Estado, Lopes da Mota representante de Portugal ou Alberto Costa ministro da Justiça. O impiedoso exame de comportamentos, curricula e carácter teria posto um fim às respectivas carreiras públicas antes delas poderem causar danos.
Se a Assembleia da República tivesse a força política do Senado, os negócios do cidadão Aníbal Cavaco Silva e família, com as acções do grupo do BPN, por legais que fossem, levantariam questões éticas que impediriam o exercício de um cargo público. Se o Parlamento em Portugal tivesse a vitalidade democrática da Câmara dos Representantes, o acidentado percurso universitário de José Sócrates teria feito abortar a carreira política. Não por insuficiência de qualificação académica, que essa é irrelevante, mas pelo facilitismo de actuação, esse sim, definidor de carácter.
Do mesmo modo, uma Comissão de Negócios Estrangeiros no Senado nunca aprovaria Lopes da Mota para um cargo em que representasse todo o país num órgão estrangeiro, por causa das reservas que se levantaram com o seu comportamento em Felgueiras, que denotou a falta de entendimento do procurador do que é político e do que é justiça. Também por isto, numa audição da Comissão Judicial do Senado, Alberto Costa, com os seus antecedentes em Macau no caso Emaudio, nunca teria conseguido ser ministro da Justiça, por pura e simplesmente não inspirar confiança ao Estado. 
Assim, se houvesse um Congresso como nos Estados Unidos, com o seu papel fiscalizador da vida pública, por muito forte que fosse a cumplicidade dos afectos entre Dias Loureiro e Cavaco Silva, o executivo da Sociedade Lusa de Negócios nunca teria sido conselheiro presidencial, porque o presidente teria tido medo das cargas que uma tal nomeação inevitavelmente acarretaria num sistema político mais transparente. Mas nem Cavaco teve medo, nem Sócrates se inibiu de ir buscar diplomas a uma universidade que, se não tivesse sido fechada, provavelmente já lhe teria dado um doutoramento, nem Dias Loureiro contou tudo o que sabia aos parlamentares, nem Lopes da Mota achou mal tentar forçar o sistema judicial a proteger o camarada primeiro-ministro, nem Alberto Costa se sentiu impedido de ser o administrador da justiça nacional em nome do Estado lá porque tinha sido considerado culpado de pressionar um juiz em Macau num caso de promiscuidade política e financeira. Nenhum destes actores do nosso quotidiano tinha passado nas audições para o casting de papéis relevantes na vida pública nos Estados Unidos. Aqui nem se franziram sobrolhos nem houve interrogações. Não houve ninguém para fazer perguntas a tempo e, pior ainda, não houve sequer medo ou pudor que elas pudessem ser feitas. É que essa cidadania avançada que regula a democracia americana ainda não chegou cá.

Mário Crespo

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Mário Crespo: O último moicano

Mário Crespo: A última crónica do último jornalista com dignidade e com liberdade.

02 Fevereiro 2010 - 00h30

Opinião censurada

O fim da linha

Mais “um problema que tem de ser solucionado”. Eu. Que perigosa palhaçada.
Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O primeiro-ministro, José Sócrates, o ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil ("um louco") a necessitar de ("ir para o manicómio").
Fui descrito como "um profissional impreparado". Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como "um problema" que teria de ter "solução". Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): "(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)". É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência.
Os críticos passam a ser "um problema" que exige "solução". Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o primeiro-ministro já não tem tantos "problemas" nos media como tinha em 2009. O "problema" Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi "solucionado". O ‘Jornal de Sexta’ da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser "um problema". Foi-se o "problema" que era o Director do ‘Público’. Agora, que o "problema" Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o primeiro-ministro de Portugal, o ministro de Estado e o ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais "um problema que tem de ser solucionado". Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.
Esta crónica foi escrita por Mário Crespo para o jornal onde colaborava.