sábado, 1 de maio de 2010

agências de rating

Há três principais: Standard  & Poor, Moody's e Finch (e mais uma meia dúzida de secundárias). As três primeiras são as que fazem as principais avaliações da solvabilidade de empresas e países. Mais exactamente, intervêm quando há emissão de 'bonds' (obrigações representativas de dívida) por parte de empresas privadas ou Estados Soberanos (sovereign debt). Tornaram-se notoriamente célebres quando avaliaram o Lehman's Brothers em AAA (triple A) até à véspera da sua falência e a ENRON até três dias antes. Há, no mercado, muito quem ponha em causa a credibilidade das agências de rating. Elas foram imensamente culpadas no 'credit crunch' ao fazerem avaliações completamente erradas de produtos financeiros estruturados que tiveram um papel central na alavancagem financeira (leverage) que esteve na origem desta crise.
Hoje há suspeitas sérias - eu partilho delas - de que estejam a actuar no mercado da 'sovereign debt' europeia simplesmente para provocar subidas do custo dos financiamentos e lucro fabulosos aos tomadores dos 'sovereign bonds'.
O sistema é simples. A crise bancária obrigou os Governos a endividarem-se excessivamente. Ciclicamente têm de recorrer ao mercado para emitirem novos 'sovereign bonds' para, com os correspondentes fundos, pagarem os que se vencerem. Como todos, no mercado, sabem quando é que isso vai suceder, sempre que um Estado com pouca ou nenhuma capacidade de negociação ou de manobra se prepara para lançar uma emissão de bonds, as agências degradam-lhe os ratings e com isso aumentam o preço do dos fundos que podem captar. Aí os especuladores, usam os capitais que obtiveram em mercados baratos e colocam-nos com lucros enormes nestas emissões. Isto só acontece com o chamados 'weakest links' que são hoje (por ordem decrescente) a Grécia, a Espanha, Portugal e até a Itália. São 'weak links' porque geriram tão mal a sua dívida que quando vão ao mercado, estão já financeiramente exangues e vão ser forçados a aceitar o que quer que lhes seja exigido. Esta prática é agiota e usurária e é conseguida - diz-se - pela combinação entre as agências de rating e os intervenientes no mercado, que as remuneram.
Mas as coisas tornaram-se ultimamente mais graves ainda quando a voracidade e a sistematicidade de actuação conjunta das agências de rating e especuladores sugere a existência de um verdadeiro ataque especulativo contra o Euro. A ser assim - espero bem que não - as coisas assumirão uma gravidade inaudita.
Não é que os Governos grego, espanhol, português, etc. não sejam culpados: são-no e gravemente. Mas tal não desculpa nem justifica a rapina feita pelos especuladores de braço dado com as agências de rating.

Vai ser preciso - já é preciso há muito - regulamentar as agências de rating e obrigá-las a uma acreditação junto, pleo menos do BCE e da SEC.
Quando mais cedo melhor.

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