sábado, 31 de julho de 2010

a Lavandaria do Rato

Vão ter de passar muitos anos até que os Portugueses recuperem a confiança e se reconciliem com a Justiça.

Tudo começou - em gravidade - com o encobrimento do Caso de Camarate. O Ministério Público fez o possível e o impossível para não acusar de atentado o que toda a gente sabia e quem toda a gente sabia: a CIA.
Depois, foi toda uma série de casos em que se manipulou a legislação penal e processual penal, a investigação criminal e a própria concretização para não apanhar gente importante que no sistema institucional efectivamente vigente não é para ser incriminada por aquilo que faz.
Finalmente foi o Freeport em que tudo foi usado à lufa-lufa, precipitadamente e até com trapalhice, para que Sócrates não fosse ouvido em justiça e constituído arguido. No meio disto, mais uma quantidade de casos, desde o caso Maddie, a Face Oculta, a Moderna, os Submarinos, o Portucale, o Furacão...
E vai culminar em apoteose com a prescrição dos crimes hediondos da Casa Pia.

Na confluência entre a Rua da Escola Politécnica e o Largo do Rato, está lá aquele edifício imponente, de mármore, que já se chamou Palácio Palmela, mas bem podia chamar-se Lavandaria do Rato.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

o procurador

Ele procurou e conseguiu evitar que o Sócrates fosse interrogado no processo Freeport e, em consequência, fosse constituído arguido. Bem se podia chamar-lhe o procurador geral do governo.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

dirty share

Eu já tinha estranhado que Sócrates tivesse usado a golden sahre da PT contra as ordens do Ricardo Salgado. Isso corresponderia à abertura de um espécie de crise institucional, porque em Portugal, segundo o sistema institucional efectivamente vigente, o Dinheiro manda no Governo e não o inverso. Fiquei abismado a ver o que iria acontecer.
E aconteceu o que me não surpreende. O Governo meteu a viola no saco e lá foi a correr obedecer. Lá foi vendida a VIVO e sem golden share que se lhe oponha. Podia lá ser, o desaforo??!!
Em Portugal pode-se votar em toda a gente. O poder pertence sempre às mesmas pessoas.
Nada perturba o poder da oligarquia.

domingo, 18 de julho de 2010

porque não por concurso público internacional?

Parece mais ou menos evidente a mais ou menos toda a gente o esgotamento do sistema político-económico dos últimos 20 anos. Portugal está esgotado, arruinado, e sem alternativas nem caminhos para uma solução.

Porque não, pergunto eu, abrir um concurso público internacional - ou pelo menos europeu - para recrutamento dum presidente da república, dos ministros e secretários de estado,  do supremo tribunal de justiça, do procurador geral da república e dos juízes e procuradores dos tribunais superiores.

Porque não um concurso público entre as melhores faculdades de economia estrangeiras (as portuguesas já mostaram o que valem) para uma política económica e financeira que reponha Portugal a funcionar?

Se desde o managemente da tap até aos treinadores de futebol, passando por médicos, arquitectos e engenheiros podem ser recrutados por concurso no estrangeiro, porque não os dirigentes políticos, económicos e judiciais?

O modelo de economia privada empresarialmente liderada por banqueiros faliu e espero que não volte mais. É urgente começar segunda feira pela gestão da caixa geral de depósitos.

A omissão de maiúsculas - com excepção óbvia da pavra Portugal - é intencional. O que é minúsculo não deve ser escrito com maiúsculas.

sábado, 17 de julho de 2010

the dark side of the moon - 4 - os quatro magníficos

Quatro agências americanas de rating, cada uma com um yupie encarregado do rating da sovereign debt.
São quatro jovenzinhos que mandam nas economias europeias.
Se os défices estão altos, eles degradam os ratings por isso mesmo.
Se os países europeus não tomam medidas draconianas para reduzir os défices, este degradam novamente os ratings.
Se tomam medidas draconianas para reduzirem os défices, então eles degradam os ratings porque aquelas medidas deprimem as economias e as suas perpoectivas e crescimento a médio-longo prazo.
Quer dizer, eles degradam sempre os ratings, por se fazer ou por não se fazer.

É preciso saber quem é que os paga as agências de rating. São os tomadores, compradores, de dívida soberana. E eles fazem o que lhe é encomendado, provocam a subida das taxas de juro.

O negócio é óptimo. Os seus clientes obtêm fundos a taxas baratas em certos mercados e colocam-nos a taxas caras nos outros. É um negócio da China construído por estes quatro magníficos.

Não seria melhor pôr um fim a este sistema?

vivamente inovador

Não sei se o negócio era bom ou não, nem se as avaliações que lhe estavam subjacentes eram fiáveis.
Também não sei se a Telefónica vai conformar-se a manter o casamento a meias com a PT na VIVO. Ver-se-á.

O que me parece inovador é o facto ocorrido pela primeira vez - que eu saiba - de um governo em Portugal, já depois do gonçavismo, ter abertamente contrariado o interesse dos grandes detentores do capital e, bem ou mal, lhes ter dito que não.

Vejamos que é que daqui vai sair.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

montepio

O Montepio é - curiosamente - hoje o Banco mais financeiramente sólido em Portugal.
Como não tem accionistas, não foi desnatado !

terça-feira, 13 de julho de 2010

rating again

Mais outro abaixamento de rating. Era de esperar, nem as SCUTS acabaram, nem vão acabar, nem houve uma real compressão de despesas, nem vai haver.
Para agravar, temos o sector bancário à beira do... [parece que é proibido falar nisso].
Pobre Portugal. O que te fizeram nos últimos 20 anos!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

BCP

Quando um Banco anuncia publicamente que não está falido, de duas uma: ou já estava falido, ou o próprio anúncio o leva à falência.

short-sighted

The biggest loss to the business [...] is the disapearance of a long-term vision, with the emphasis switching to short-term financial results (The Economist).

domingo, 11 de julho de 2010

the bastards

With their talk of placing stability and growth above individual rights, Communist (Chinese) officials sometimes make human rights sound like air conditioning, or colour television: a luxury you can afford once you acquire a certain level of wealth. (The Economist).
Este estado de coisa é também útil para continuar a subsidiar exportações com trabalho escravo ou quase-escravo. Isto devia levar UE a estabelecer tarifas compensatórias nas importações de produtos fabricados com trabalho quase-escravo, com fundamento em dumping social.

Na verdade, a manterem-se as coisas assim, as indústrias europeias - não só as potuguesas, mas também - só conseguirão ser competitivas quando tiverem salários e custos sociais equivalentes aos chineses, e isso nunca sucederá, ou nunca sucederá sem um guerra civil.

Por isto, é pura estultícia, manter certos mitos só porque são americanos, como o não proteccionismo unilateral, perante o proteccionismo alheio.

Já agora, para o meus amigos pró-americanos, não se ofendam, mas eu penso mesmo assim... e não tenho a intenção de mudar.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

SCUTS

Faz-me a maior confusão este drama das SCUTS. Sempre foi sabido que Portugal não podia pagá-las. Sempre foi injusto que os cidadãos não automobilizados tivessem que as subsidiar, principalmente os mais pobres, os desempregados, todos aqueles que pagam o seu IVA no magro pão com que enganam a fome.
Pensei que o PSD iria ter a coragem de cabar com elas. Mas não, também ali estão impregnados aqueles interesses eleiçoeiros com que os autarcas  laranjas - como os de outras cores - têm medo de perder votos.
Assim, não! Assim, não há nada a fazer. Nem económica nem politicamente.
Portugal é tão mau como os Portugueses!