domingo, 27 de fevereiro de 2011

situação desesperada... mas não grave.

Desesperada - é a situação das finanças portuguesas.
Mas não é grave - porque estamos no Euro
Desesperada mas grave - seria esta situação se estivessemos no escudo.
Teríamos de fazer uma união económica e monetária ... com Cabo Verde.

o futuro segundo Epicuro

Nunca nos devemos esquecer que o futuro nem é totalmente nosso, nem totalmente não-nosso, para não sermos obrigados a esperá-lo como se estivesse por vir com toda a certeza, nem nos desesperarmos como se não estivesse por vir jamais (Epicuro, Carta sobre a felicidade, a Meneceu).

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

fim de festa

Aproxima-se a passos largos o bail-out de Portugal, quer dizer, a declaração de bancarrota com intervenção europeia.
É o fim dum ciclo de irresponsabilidade que teve início no fim do último governo de Cavaco, quando Guterres dizia que não seria o 'bom aluno da Europa' e Sampaio que 'há mais vida para além do défice'.
Foi daí em diante que se professou a irresponsabilidade financeira e o desperdício como se fosse uma fé religiosa e se gastou, gastou, gastou, como se nunca se tivesse que pagar. Quando já não havia cá, recorreu-se ao crédito externo sem critério e sem limite, tanto o Governo como a Banca.
É este ciclo que está a terminar.
Commonsense espera que termine mesmo e que termine de vez. E que nunca mais os portugueses se deixem enganar com as promessas de sobreconsumo fácil à custa de ficar a dever.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

CP Carga

O Ministro das Obras Públicas demitiu a administração da CP Carga. As pessoas acharam bem.
Mas não se compreende porque é que existe mais do que uma CP: a CP propriemente dita e a CP Carga, a não ser para duplicar o número de lugares e de despesa. Durante décadas houve só uma CP: porquê duas?
Commonsense não aplaude o Ministro e critica-o por não ter simplesmente extinto a CP Carga, (re)incorporando-a na CP.

a recessão, o bom senso e o bom gosto

O Governador do Banco de Portugal numa entrevista muito difundida disse que Portugal está em recessão. Ricardo Salgado veio a público criticar o Governador dizendo que ele não deveria ter dito isso. Salgado enganou-se e pensou que ainda tinha Constâncio no Banco de Portugal.
Mas o que constitui notícia, aqui, não é a recessão, que já toda a gente sabia, é a atitude de Salgado a pretender puxar publicamente as orelhas ao Governador do Banco Central. Revela muita falta de bom senso e de bom gosto.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

é sempre difícil

É sempre difícil saber até onde devemos interferir nos outros e no resto para endireitar o mundo. O mundo será sempre torto, mais ou menos torno, mas de alguma maneira torto.
É sempre difícil saber até onde devemos interferir na vida dos nossos amigos, para lhes endireitar a vida, porque, sem querermos, podemos estar a entortá-la mais.
É sempre difícil saber como devemos agir bem e não mal.
Foi essa a mais terrível maldição com que Deus castigou Adão e Eva, e a sua descendência, quando os expulsou do Paraíso: escolher livremente entre o bem e o mal.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

agarrem-se bem

Apesar das frases ocas do Governo e da publicidade que lhes é dada pela comunicação social afecta ao regime, a verdade é que as taxas vigentes no mercado para a dívida portuguesa são incomportáveis e continuma incomportáveis. Há indícios de que continuarão assim.
O BCE tem mentido Portugal a flutuar - embora com a borda debaixo de água - à custa de lhe comprar a dívida que emite. Mas se o BCE parar de o fazer, Portugal despenhar-se-á na mais calamitosa das falências.
Agarrem-se bem, apertem os cintos e preparem-se para o desastre.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

a verdade e a incompreensão

O pior problema de verdade é suscitar a incompreensão. A alternativa é dizer a mentira conveniente; é mais fácil e mais confortável. Suscita menos incompreensão.
Mas dizer averdade é uma imposição do respeito que se tem pela pessoa com quem se fala. A quem se não respeita, pode dizer-se qualquer coisa.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

o taxista do Cairo

Vi uma entrevista na CNN dum taxista do Cairo que estava eufórico, certo de que tudo de bom viria agora a acontecer.
Só que o que o taxista do Cairo verdadeiramente deseja é ser taxista em Berlim.
Quer isto dizer que os egípcios que andam tão contentes estão a sofrer do mesmo síndrome que nós em 74. Pensámos que a felicidade e a prosperidade, leia-se, o padrão de consumo dos alemães (ou o que nós pensávemos ser o nível de vida dos países europeus) estava ali ao virar da esquina. Mas não estava.
E no Cairo também não vai estar. A próxima coisa que lhes vai acontecer é uma baixa na economia induzida por uma quebra nas receitas do turismo e alguma desorganização. Depois, as dores de parto da democracia. Se não morrer no parto, vai ainda demorar um geração inteira para crescer.
Mas pode ainda acontecer que os militares, depois de 18 dias de tirocínio a ganhar a confiança do povo, continuem no poder e designem outro Faraó...