domingo, 27 de novembro de 2011

o €uro europeu e os €uros nacionais

Quando foi criado o €uro, todo o mercado assumiu que seria um moeda única, comum a vários países europeus, os mais ricos e economicamente poderosos, e que não teria risco de câmbio nem de solvência. No início, os mercados não tiveram grande confiança e o €uro caiu até 0,85 do Dólar. Este câmbio baixo melhorou a competitividade das exportações europeias e houve grande prosperidade económica. Foi o tempo em que o Airbus se lançou e derrotou o Boeing. Mais tarde, o €uro subiu, egualizou o Dólar, ultrapassou-o e aproximou-se da cotação de 1,45/1,50. Não foi bom para a exportações, mas também não foi mau, porque tornou mais baratas as importações de matérias primas, principalmente energia (petróleo). Tudo seria bom se se tivesse mantido assim.

Depois foi a crise monetária na Hungria. Pensava-se que, sendo um estado Membro da poderosa União Europeia, a Hungria estaria a salvo de ataques especulativos do mercado. Surpreendentemente não foi isso que sucedeu. A Hungria não foi monetariamente apoiada e teve de desvalorizar. Afinal, notaram os mercados, a União Europeia era menos unida do que se pensava e tinha vulnerabilidades. Afastados os grandes líderes, vieram os pequenos políticos que nos órgãos da UE representavam os interesse nacionais em vez de prosseguirem os interesse europeus. Pior ainda, veio a ética luterana de, em vez de criticar atuações governamentais específicas,passou a anatemizar povos inteiros como não virtuosos, gastadores, pouco trabalhadores, menos eficientes, enfim... Untermench! Era preciso deixá-los sofrer como castigo dos seus pecados financeiros para que aprendessem e se corrigissem. Os povos virtuosos não deveriam sofrer pelos não virtuosos e devia adotar uma postura severa.

Tinha acabado a solidariedade europeia. A Europa comunitária deslizou progressivamente do modelo federal sonhado pelo fundadores para um confederação de Estados independentes, ao modelo da EFTA, como a Inglaterra queria. Só que o egoísmo e a falta de solidariedade entre ao Estados Membros da União Europeia, criavam graves vulnerabilidades a ataques especulativos dos mercados financeiros. Disperso o rebanho, era fácil à alcateia e ir atacando os mais fracos que o egoísmo dos outros ia deixando para trás, indefesos.

Foi o que aconteceu. Primeiro a Grécia, depois a Irlanda, depois Portugal... e agora a Espanha, a Itália, a Bélgica. Um por um todos serão atacados e comidos. No final ficará a Alemanha, a liderar um Eurogrupo composto já só por ela, sem dimensão nem massa crítica para se defender. A récua dos burros terá sido devorada pela alcateia dos lobos.

Quando se recusou a mutualização das dívidas soberanas, partiu-se o €uro europeu em 17 €uros macionais. Isso aconteceu quando se permitiu que houvesse €uros mais fracos e €uros mais fortes, com taxas de emissão, e yieds diferentes. O €uros grego era pior que o €uro português, que era pior que o €uros irlandês e assim sucessivamente. Com isto o €uro alemão tornou-se o melhor de todos e a Alemanha beneficiou de taxas de juros baixíssimas, o que lhe permitiu maior prosperidade e induziu um sistema auto sustentado de diferenciação entre os países ricos e virtuosos da UE – os nórdicos – e os países “profiglate”, pobres e réprobos do sul, os PIGS.

Hoje a S&P anunciou o downgrading da Bélgica, o primeiro país de norte a ser atacado pela alcateia.

A Comissão Europeia defendeu publicamente a introdução dos Eurobonds, mutualizados na responsabilidade de todos os 17 Estados Membros que têm em circulação do €uro (Eurogrupo). Fê-lo na sequência de uma insistente reclamação de muita gente que entende, com razão que a União Europeia, ou avança e se federaliza, ou recua e colapsa.

Não há nada de extraordinário na emissão dos Eurobonds. A dívidas soberanas europeias sempre deveriam ter sido isso mesmo, dívidas da Europa e não de cada país. Tal exige, naturalmente, que não haja Estados Membros que cometam os erros financeiros que a Grécia, Portugal, a Irlanda e outro cometeram. É necessária a harmonização das políticas orçamentais e financeiras. Foi para isso, entre outras coisas, que a União Europeia foi criada.

A Alemanha já veio dizer que não quer. Porquê? Porque, segundo diz, isso aliviará a pressão sobre os Estados Membros sob assistência e eles deixarão de seguir o caminho das reformas necessárias. Quer dizer: deixarão de ser punidos e corrigidos. Além disto, toda a gente sabe que a Alemanha não quer a mutualização da dívida soberana Europeia nos Eurobonds porque isso induzirá a unidade das taxas de juro num nível abaixo do que os Estados Membros pobres estão a pagar e mais altos do que os estados ricos conseguem obter. A Alemanha recusa a solidariedade.

É preciso ver de ambos os lados e admitir que a mutualização através da emissão de Eurobonds, se não for acompanhada pelo equilíbrio orçamental e financeiro de todos, vai vulnerabilizar o próprio próprio €uro no seu todo, o euro-€uro, e pôr em risco todo o edifício da União Europeia. É verdade.

Sucede, porém, que a persistente divisão monetária dos 17 €uros nacionais, também destrói o €uro europeu e que os mercados já deram por isso e estão simplesmente a vender tudo o que são ativos financeiros expressos em €uros. Está já a ver-se nos mercados o fenómenos de fuga perante o €uro. Antes que se forme um consenso, que se tome uma decisão, que Merkel e Sarko pecam as eleições nos seus países, tempo demais passará e o €uro, perante a pressão de venda, irá baixar substancialmente o seu valor cambial no mercado. Aproximar-se-á do Dólar ou baixará mesmo em relação e ele. Talvez regresse ao câmbio antigo de 0,85.

Entretanto terão de ser feitas as reformas necessárias. Mas quais reformas? Aquelas que conduzirem à harmonização das políticas orçamentais e financeiras no espaço económico europeu. No Eurogrupo a reforma tem e ser mais profunda, tem de implicar o controlo direto dos orçamentos e das gestão orçamentais dos países do €uro.

Será o passo em frente a caminho da unidade económica-monetária-financeira, ou o colapso.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

autogreve

 Commonsense não concorda com esta greve.
 Sim, com certeza, a greve é um direito.
 Claro que não é politicamente correto dizer-se que esta greve não é patriota, porque esse argumento já foi, e continua a ser, demasiadamente abusado por todas as ditaduras.
 Mas é uma autogreve: uma greve feita pelos portugueses contra quem? Contra si próprios. Quem é que sofre com esta greve? Os portugueses!
 Que estupidez!