terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

emergência económica

Se fosse o Primeiro Ministro, logo no dia seguinte a tomar posse, faria aprovar no Parlamento uma Lei de Emergência Económica.
No art. 1º daria poderes ao governo para reequilibrar unilateralmente as PPPs e outras concessões.
No segundo, para suspender feriados e proibir pontes.
No terceiro, para criminalizar o enriquecimento inexplicado e proceder ao seu confisco a favor de instituições de auxílio aos pobres.
No quarto, para unificar os regimes laborais público e privado e modificar convenções coletivas de trabalho.
No quinto para taxar com 100% de IRC dos salários (incluindo prémios e bónus) de dirigentes de instituições financeiras e empresas públicas no que excedessem o vencimento base dum ministro.
No último permitiria todas as outras práticas e atos que viessem a ser necessários para combater a pobreza dos portugueses.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

os mais pobres

A União Europeia vai no mau caminho se continuar a pensar que deve castigar os pobres pelo pecado de serem pobres e que os deve castigar com ainda maior pobreza.
O modo de tratar a crise dos mercados do €uro tem de passar a ser mais políti...co e menos liberal/económico.
São as próprias fundações da União Europeia que estão a ficar em crise.
É preciso pensar mais e melhor em Bruxelas, mudar a composição da Comissão e dar mais poder ao Parlamento Europeu do que ao Conselho.
A União europeia tem de avançar... não pode paralizar em receitas neo-liberais que não resultam... pior, que resultam mal.
O ideário neo-liberal falhou.
É interessante ler a supresa e consternação causadas na Alemanha pela reação dos Gregos, até do Presidente da Grécia. O alemão comum estava sinceramente convencido que estava a fazer bem aos Gregos; não percebeu ainda que a Grécia está a ser castigada por não ser economicamente tão eficiente como os mais ricos.
Na União Europeia de Barroso, Merkel e Sarkozy, é pecado ser pobre!
É o pior hiper-liberalismo jamais visto à face da terra.

http://www.spiegel.de/international/0,1518,815973,00.html

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

língua, estética e comunicação


O uso da língua não é igual para todas as pessoas.

Umas usam-na de modo estético. É o que fazem os escritores e os poetas. Escrevem esteticamente textos que são obras de arte. Há textos muito belos, mesmo textos sublimes. A língua é, nesta sua dimensão, um veículo e um instrumento de arte, de prazer, até de simples entretenimento.

Outras usam-na para comunicar. Como ferramenta do contacto entre pessoas, suporte de mensagem e de diálogo. À língua, nesta modalidade, ou nesta perspetiva, se se preferir, não se pede que seja bela, que seja artística, que seja poeta e muito menos que seja sublime. Só se lhe pede que seja eficiente.

A posição de quem  não quer o novo acordo ortográfico é legítima e até apropriada, na primeira das modalidades. Para muitas pessoas a língua é cultura, é arte, é beleza. A função comunicativa da língua, não deixa de existir e de ser relevante, mas é secundária.

A minha posição é diferente. A língua, para mim, embora leia muito e goste de ler prosa de qualidade, poesia, romance, filosofia, a língua tem a função primordial que lhe deu vida: a de ser veículo de comunicação entre pessoas.

Confesso que não aprecio particularmente esta nova ortografia, mas já me habituei. Acho importante, sim, que a eficácia comunicativa da língua melhore. E melhora mesmo, naquilo em que reduz as diferenças da língua e da sua ortografia na grande comunidade lusófona com mais de duzentos milhões de pessoas.

As pessoas cultas queixam-se da perda de qualidade da ortografia nesta última reforma. Tem sido uma constante a redução qualitativa da ortografia.

Vislumbro neste fenómeno, uma dicotomia entre a qualidade e a quantidade. No início, só as pessoas cultas faziam uso da escrita, só elas liam e só elas escreviam. D. Dinis foi o primeiro rei de Portugal a saber ler e escrever. Foi mesmo um bom poeta. O alargamento do âmbito daqueles que escrevem veio trazer consigo uma tensão para a perda de qualidade da língua, como consequência da menor qualidade cultural das pessoas que a utilizam na forma escrita, que a leem e escrevem. A progressiva extensão da alfabetização e o fenómeno da cultura inculta veio pressionar a ortografia para uma modalidade mais próxima da expressão fonética e uma perda da coerência etimológica. Houve sempre, na história da língua portuguesa, uma versão culta, etimológica e alatinada, e outra plebeia, inculta e fonética.

Este acordo ortográfico representa uma sobreposição da quantidade à qualidade, do som à forma. Nisso é negativo.

Mas constitui também um progresso muito importante da função comunicativa da língua, naquilo em que melhora muito a eficácia da língua como veículo de contacto entre os povos que falam português. Para mim que, na minha profissão e no meu dia a dia, faço um uso sobretudo utilitário da língua escrita, esta vantagem sobreleva o incómodo de uma ligeira perda de qualidade.

Tenho mesmo a sensação de que a nova versão é tão má como a anterior, mas é mais eficaz na função comunicativa.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A ortografia e o Estado

Deve o Estado determinar por lei as regras da ortografia, da gramática, da língua? Pode defender-se que sim ou que não.
Pode um funcionário público, dirigente dum serviço do Estado, dar ordem de não aplicar o acordo ortográfico que o Estado mandou aplicar?
A questão não é ortográfica, é democrática. É a autoridade democrática do Estado, expressa através do seu órgãos constitucionais que está em causa.