domingo, 26 de maio de 2013

a constituição e o 25 de Abril

O constitucionalismo português tem um defeito horrível. É a mania que cada geração constituinte tem de impor os seu ideário político às gerações seguintes. Fizeram isso de boa fé. Acharam que estavam e esculpir na pedra angular da Democracia o seu melhor desenho, o seu melhor sistema. os seus mecanismos formais mais eficientes e os seus objetivos éticos materiais mais justos. 
Mas pensaram que seria sempre assim. uma espécie de Paz Perpétua (sempre o fantasma kantiano).
Foi sempre assim, com todas as constituições portuguesas. E acabaram todas mal.

Não lhe ocorreu, nunca lhes ocorreu, que passadas uma décadas, outras gerações que não tivessem vivido as mesmas circunstâncias históricas, se não reconhecessem em tudo aquilo, preferissem outros mecanismos de democracia formal, ansiassem por outros objetivos de democracia real. 

A Constituição de 1911 foi a da queda da monarquia, da grande humilhação do Ultimato, a Constituição de 1929 foi feita pela geração que se desiludiu com a Primeira Guerra, com a depressão, os desmandos e a desordem da Primeira República. A Constituição de 1976, foi a da rejeição do Salazarismo, a da descolonização, a do regresso à uma normalidade democrática no sistema e na prosperidade da integração europeia.
Foi também a do 25 de Abril. Só que as novas geração não sabem ou não se lembram do 25 de Abril. Nasceram depois. Viveram em prosperidade crescente. Querem viver bem e ser felizes. Para eles, a grande maioria deles,o 25 de Abril é apenas mais um feriado.

Para se manter esta constituição, sem a deixar cair no meio da rua, como as anteriores, seria de bom senso que fosse interpretada mais de acordo com o modo de ser, de pensar e de ansiar das novas gerações do que com as memórias do velhos constituintes.

Como nas relações entre pais e filhos, é preciso não prender os mais novos às memórias do mais velhos. 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

malgré eux?

Os Portugueses vão continuar no €uro e na União Europeia, apesar de todo o resmungo das políticos, dos jornalistas, dos políticos-jornalistas e dos jornalistas-políticos. E vão porque se não fossem seria um desgraça.
As receitas passavam a ser em escudos desvalorizados a 40% e as dívidas continuavam em €uros.
O peso das importações de energia nas contas externas é de tal modo elevado que uma desvalorização do escudo, em vez de ser competitiva seria destrutiva. O aumento intenso do custo da energia seria tal que neutralizaria e qualquer aumento de competitividade externa. O mesmo sucederia com informática (harware e software), máquinas ferramentas, patentes e licenças, etc., etc..
Por outro lado, não é verdade que as diferenças de desenvolvimento e de riqueza na Europa impeçam uma moeda única, porque nos USA também existem diferenças análogas e o sistema funciona. O Utah é tão pobre como Portugal e tem mais ou menos a mesma população, e a Luisiana ainda é mais pobre.
O tratamento da Troika tem sido bruto, mas é eficiente. O custo do nosso financiamento no exterior está a baixar intensamente, a competitividade externa das nossa exportações a aumentar imenso e já se vêem sinais de retoma.
Só que a economia e a sociedade não voltarão a ser como eram. E ainda bem.
Os Portugueses vão sair da crise e manter-se no €uro e na União Europeia apesar de si próprios? Não, apenas apesar dos seus políticos, dos seus jornalistas, dos seus jornalistas-políticos e dos seus políticos-jornalistas.
Os portugueses comuns esforçaram-se, sofreram e estão a conseguir. E vão conseguir.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

a teoria da conspiração

É a teoria da conspiração. Eu sei que é, mas também sei que é verdade. Ou eu penso que é verdade, o que a torna verdade, pelo menos, para mim. A responsabilidade é totalmente minha. Mas o que é afinal?

Durante a Guerra Fria e até ao colapso da URSS, os USA estiveram interessados na construção e reforço da UE, como barreira de prosperidade e democracia à política ideológica do expansionismo soviético. A prosperidade da UE era, além disso, imensamente desestabilizadora dos povos do países da Europa Central sob domínio soviético. O US State Department via a UE com bons olhos.

Desaparecido o perigo militar e ideológico da URSS, a UE deixou de ser boa para os USA. O US State Department passou a hostiliza-la discreta mas eficientemente. O American Soft Power, protagonizado pelas US Embassies and Consulates e principalmente pelo cidadãos locais denominados «atlantistas» passaram a veicular toda a propaganda anti-europeista tendente ao recúo ou mesmo ao colapso do Euro e da UE. Nesta linha, multiplicam-se os ataques ao Euro e as previsões do seu desaparecimento e fomentam-se os nacionalismos locais.

Que os norte-americanos considerem bom para si a quebra da UE, pode ser uma estupidez, mas é com eles; que os europeus os sigam nesta linha, é uma estupidez, e é com nós todos.

Mas ninguém se iluda. Anda aqui a mão do US State Department, da sua agência CIA, do American Soft Power e dos nossos «atlantistas». 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

dia dos sindicalistas - dia dos trabalhadores

Commonsense passou o dia a trabalhar no escritório. Commonsense trabalha para si próprio e se não trabalha não ganha. Além disso tem compromissos que não pode deixar de cumprir. Foi para o escritório como todos os dias.
No seu trabalho, Commonsense mandou emails para alguns seus colegas no estrangeiro. Recebeu respostas passados alguns minutos. Estavam também a trabalhar.
O dia 1 de Maio não é só o dia dos sindicalistas, é também o dia dos trabalhadores.