sexta-feira, 11 de setembro de 2015

é isto, por hoje


O chamado Estado Islâmico está em guerra com o governo do Bashar Assad (apoiado pela Rússia e pelo Irão). Em socorro de Assad entrou na guerra o Hizbollah (Hezbollah) milícia libanesa anti-israelita apioada pelo Irão. O EI é apoiadado pelo pela Arábia Saudita (e indrectamente ppela Mossad e pela CIA). Neste momento, a guerra é entre o EI e a Hisbolllah (mais os restos do exército sírio com apoio russo). Uma perfeita proxy-war do tipo guerra fria.

Quando estive em 1975 no Portuguese Desk do State Department, em Washington DC. Os dois boys do Portuguese Desk, que me quiseram contratar para ficar lá, explicaram-me quatro coisas que nunca mais esqueci:

1 – que quem faz a política externa do USA é o State Department, não é o President;

2 – que preciso dividir e manter a divisão nos outros todos (lição do British Empire) e que os conflitos locais nunca podem terminar; quando um lado está a começar a ganhar, apoia-se o outro, de modo a que nunca «rebente a paz»

3 – que para que haja paz e pão dentro dos USA é necessário que haja guerra e fome fora do USA

4 – que na relação com a Europa, os USA são o Império Romano, militarmente e economicamente poderoso, e a Europa é a velha Grécia Clássica, bonita, culta, divida e fraca, que tem de se manter como colónia.

Perante isto, mandei-os à fava e disse-lhes que não hostilizassem a Europa por me teriam do lado Europeu a enfrentá-los. Com uma cervejas em frente, eles eram bem simpáticos e divertidos, contaram-me uma anedota que corria no State Department: «Porque é que os USA são o único país onde não há golpes-de-estado? Porque são o único país onde não há Consulates of the USA». Rimos à gargalhada.

Uns anos mais tarde, já em Lisboa, voltaram a tentar aliciar-me, agora do consulado, andava eu ainda na política ativa. Só me pediram que, quando fosse ocasião, defendesse o «atlantismo» e os pontos de vista favoráveis aos USA. Respondi que não tinha esquecido o papel do State Department na fundação e armamento da UPA nem dos massacres de portugueses em Angola em 1961. A minha carreira política acabou ali, o que só me fez bem.

Com o colapso da União Soviética, a União Europeia deixou de ser considerada «friendly» para os USA e passou a ser considerada «rival».
Esta guerra da Síria tem vantagem para Israel porque pulveriza e enfraquece os Estados árabes seus inimigos e alivia a pressão do Hezbollah na sua fronteira Norte. Tem vantagem para os USA e para a Rússia porque agrava problemas à Europa, na sua parte mais fraca, leste e sul. Ao surto enorme de refugiados, os Consulate os the USA ativam os seus «local friends» atlantistas para atacarem o sistema Shengen e acenderem no interior da Europa tensões religiosas entre cristão e muçulmanos.


É isto, por hoje.